sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Deixa Cristo Nascer

Desce a noite lenta sobre a terra,
Bela e triste, quase irreal!
Bela demais em seu sublime encanto,
triste demais para nascer um santo:
Nasce Deus no primeiro Natal.

À ordem de César,
Belém regurgita,
anima a cidade o decreto real:
cheia demais está a hospedaria,
à virgem cansada resta a estrebaria:
Nela nasce Deus no primeiro Natal.

Pastores que velam na escura montanha,
ouvindo a nova do coro angelical,
deixam o rebanho, em busca da luz,
primeiros crentes, vão ver a Jesus:
Adoram a Deus no primeiro Natal.

Sábios, a espera do doce milagre,
reconhecendo a estrela divinal,
deixam o Oriente, trazendo um tesouro,
simbólica oferta: mirra, incenso, ouro:
presentes para Deus no primeiro Natal.

Homem, não maldigas tua sorte incerta,
Não tornes vã a noite sem igual.
Que importa Jesus tenha nascido?
Que importa Ele tenha sofrido?
Se ele não nascer em ti neste Natal?

Deixa o orgulho, a indiferença,
o ódio,sê humilde e crente, abandona o mal.
Não faças do teu coração hospedaria,
onde lugar para Cristo não havia:
dá lugar a Deus neste Natal.

Aceita a história simples da estrebaria,
a estrela linda, o coro angelical.
Entrega teu coração em mística oferta.
Em tua alma haverá paz, no céu haverá festa,
se Cristo nascer em ti neste Natal!

Myrtes Mathias
Aleluia, o Rei Nasceu !!!

Duas Rosas, Nada mais

Gosto de imaginar-te velhinho
a contar estórias para uns netos lindos
que não serão meus.
Talvez seja um pensamento de vingança
contra mim mesma que te quero tanto,
contra o destino que me obriga a te dizer adeus.

Contando aquela estória tola
que o amor escreveu por ironia
quando tomou duas linhas paralelas
colocando-as lado-a-lado, certo dia.

Conta-a. Nada mais fomos do que personagens:
poderiam ser outros, mas nos escolheu.
Estava escrito que assim seria,
não tivesse culpa, não a tive eu.

Depois, que houve? O amor purifica.
De tudo apenas ficou a lembrança
das rosas que eu te dava cada dia,
num gesto ingênuo e tolo de criança.

Gosto de imaginar-te velhinho
de cabelos brancos,
repetindo a história que eu contaria:
- Era uma vez uma menina sem juízo
que me dava duas rosas cada dia ...

Sempre duas rosas cor de sonho,
cor do amor que seu olhar me dava.
Mas de medo eu não entendia,
de triste ela não falava.

- Por que você chora, vovozinho?
as crianças te perguntarão.
- É que as rosas eram ela e eu
na jarra triste da sublimação.

Gosto de imaginar-te terminado a história
com uma pergunta quase sempre assim:
- Será que no céu já não se plantam flores
ou será que lá se esqueceu de mim?

Myrtes Mathias

À um amor não vivido ...
Lud.