quarta-feira, 2 de julho de 2014

O fim


Já não há mais palavras a serem ditas.
As expectativas foram frustadas.
Eram desejos antagônicos. O oposto que diverge.
Mesmo com o anseio de completarem-se.
Antes havia algo a se esperar,
Antes havia o mistério.
Mas o silêncio anunciou o fim.
Poderia ser trágico, mas foi mútuo.
Desistiram um do outro. 



segunda-feira, 30 de junho de 2014

Culpa

Carne deflagradora, corrompe-me os pensamentos, faz da mente morada das minhas inquietudes viscerais. Cúmplice dos sentidos insensatos e desejos indômitos, o corpo não dá tino de si.

Revela a inegável culpa que arrebata de vez a paz inerente ao âmago. Assumi forma na superficialidade mais aparente, não há capa que possa conter. Palavras vazias emergem do oco cerne, denuncia a condição miserável do ser. Sentimento que não eleva, escraviza, quando insiste em coexistir com tudo aqui, em mim.

É domá-lo e libertar-me o que eu preciso. Dar espaço para o que é Teu. Viver o que é verdadeiro, o que é eterno. Conhecer-Te profundamente e intimamente. Expandir as fronteiras das nuances teológicas. E volver de vez para Ti.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Não era para ser uma história de amor

Para Ele:

Com um sorriso faceiro, fácil, delicado, encantador, despretensiosamente misterioso, cativante por si só, é desses que não sai do pensamento, tentar esquecer, já é lembrar e sorrir. São detalhes que inundam os meus pensamentos. É o vento que lança sobre sua face os fios soltos do seu penteado desleixado, que ela nem tenta ajeitar. Sua maneira de apoiar o rosto sobre a mão e lançar ao longe seu olhar divagando em seus pensamentos. Seu jeito doce de caminhar na beirada da calçada, como quem imagina nuvens fofas sob os seus pés para sonhar. Tudo sem esforço, tudo tão natural.

Não é nada atraente, a maioria diria, mas o poder de ser desejada dessa maneira não é para qualquer uma. Senti-la em meus braços cedendo as minhas investidas de bagunçar o seu cabelo e fazer-lhe cócegas para ouvir sua risada alegre e sutil, deixar de lado suas inseguranças e se permitir sentir além do físico o que só intrinsecamente é possível, deixar meus olhos verdadeiramente se encontrar com os seus. São momentos que ficam na memória, no corpo, na alma, no olhar. Não podia ser diferente era assim que sempre desejaria estar.

Se meus lábios pronunciasse o que minha mente já entende a muito tempo como amar loucamente, já não seria amizade e tão pouco um amor duradouro. A paixão em suas minúcias tem dessas coisas, sem rótulos, sem explicação. Mas não imagino como é possível amá-la mais. Com ela sou várias versões de mim. Sou livre, sou envolvido, sou uma fase e sou para sempre, sou suave e sou intenso, sou tudo e nada, sou menos eu para ser dela e eu inteiro para estar com ela, sou companhia e solidão.

Hei de viver um amor para sempre, que não antagonize o que sou. Para fazer feliz a quem me ama e que nada mais importe do que a felicidade de sermos nós. Até lá meu coração vai abrindo espaço para se entregar de verdade e por inteiro, porque se vivo a intensidade do fascínio dela hoje, no futuro eu quero a intensidade de ser mais.

Para Ela:

Eu sinto os seus olhos, não tem como explicar. São fixos, profundos, sinceros, despretensiosamente sedutores, cativantes por si só, é tentar se esconder e não conseguir fugir. São molduras de uma beleza castanha, afetiva e terna. A atração principal de um festival de detalhes. Sua maneira de sempre passar as mãos levemente sobre a cabeça terminando pausadamente na nuca quando está encabulado, como se não fosse possível perceber pelo sorriso envergonhado e faceiro. A mordida no canto da boca quando não sabe o que dizer e a maneira como caminha numa postura firme, ereta e ao mesmo tempo relaxada e encantador. É tão simples, tão bonito.

Não pode haver nenhuma atração em tanta simplicidade, os outros diriam, mas ao mesmo tempo é tão irresistível. Poder sentir os seus braços me envolvendo com tanta delicadeza, mas transmitindo tanta segurança. Brincar feitos crianças que reconhece a beleza da proximidade, com inocência e afago. O físico ser tão intimo sem deixar de ser amigo. Deixar aquele olhar verdadeiramente sequestrar o meu. Isso fica marcado na memória, no corpo, na alma, no olhar. Não podia ser diferente era assim que sempre desejaria estar.

Se tudo isso já é amor, como posso amar mais? Somos dois, parte da metade, que nada inteiro pode formar. É como deseja-lo intensamente e não querer mudar, já tenho dele o suficiente para ser no meu presente , o que “para sempre” quiser significar. Com ele eu sou uma versão incompleta de mim. Sou o verso ou sou refrão, sou o arroz ou sou feijão, sou a alegria da chegada ou a emoção da despedida, sou tudo ou nada, sou menos eu para ser dele ou eu inteira para estar com ele, sou companhia ou solidão.

Que no futuro o que é falta, seja parte de mim. Que eu seja a inteira parte da metade de alguém. Que mais do que dois sejamos um, a soma que falta na vida. Até lá meu coração já entenderá, que a intensidade dos polos (ser uma coisa ou outra), serão a intensidade de um ciclo, ser de alguém e de mais ninguém.

Ludmila Braz

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ser ou não ser?

Tentei achar palavras,
ou eram mais justificativas?
Parecia certo tentar explicar.

Era para ser entendido,
consentido,
sem mais nada acrescentar.

Decidi ser.
Não procuro
nome para dar.

Nomear certas coisas
é mania do humano
de rotular.

“Eu sou ...”
eu começo,
não tenho como terminar.

A certeza que termina a frase,
é a insegurança
do poder mudar.

Se há liberdade
para o conjugar,
porque defini-lo em um só tempo?

Fui, sou, serei,
passado, presente, futuro.
Mutação.

Muda tempo,
estado de espírito,
mente, emoção.

É maturidade,
aprendizado,
opção.

Ser, é um processo.
Metamorfose
que não cessa.

É a certeza da mudança,
e a incerteza
da exatidão.

Se há de definir, que seja
para avaliar.
O que não agrega, muda.

Defina ser.
Sem ser definido.
Primeiro passo para a libertação.

Ludmila Braz

sábado, 31 de agosto de 2013

Dia 31 de agosto

Bem para atualizar o blog e ainda falar sobre duas paixões nada melhor que o dia 31 de agosto, afinal é dia do blog e o dia da Nutricionista. A Nutrição foi a paixão que aprendi a amar a cada dia mais no meu caminho acadêmico e escrever no blog foi uma paixão que adquiri na avenida da vida. Mas como ainda não é o meu caso, de escrever no blog sobre nutrição (pelo menos não por agora, quem sabe mais para frente!) me inspiro lendo sobre o tema blogs alheios e resolvi comentar sobre alguns aqui:


É um blog bem do tipo que eu gosto, fala sobre o poder de cada um fazer suas escolhas e lidar com elas. Sem dramas e sem complicações. A Ana Carolina mesmo com toda a sua vasta formação acadêmica, expõe suas idéias e opiniões simples e naturalmente, de uma forma bem gostosinha de ler balançando a cabecinha concordando com tudo. Ela também colabora com o outro blog que eu gosto muito ...


GENTA é o grupo especializado em nutrição e transtorno alimentares mas mesmo com um tema tão delicado o blog trata do assunto (e mais além) com todo cuidado mas de forma bem completa e multiprofissional, que inspira profissionais, leigos, e qualquer interessado em saúde e nutrição.


Blog criado por alunos da disciplina Técnica Dietética, do curso de graduação em Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) dedicado à reflexão e ao aprendizado em nutrição. No blog , há receitas saudáveis (tudo de bom!), dicas sobre benefícios de ingredientes e sobre nutrição. O desafio foi passado aos alunos pela professora da disciplina, Betzabeth Slater (Um viva para ela, VIVA!). 

E tem muitos outros blogs/sites que eu curto de montão, uns mais específicos e científicos, outros com informações não tão confiáveis (aí eu vou lendo com o filtro em mode on), outros com receitinhas não tão saudáveis (as vezes pode! ou então faço uma adaptação e desenvolvo meu lado chef rs), mas fica esses (confiáveis) por enquanto, até porque eu já escrevo no fim do dia e está na hora de dormir que amanhã ainda tem prova para fazer! Em breve eu volto. E vamos que vamos. Boa Noite e Feliz dia (nem sei se ainda vale, mas...) você que é blogueiro e você que é nutricionista! rs





terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sábio da "Efelogia"

Tenho um livro de cabeceira com contos da cultura oriental escritos por Malba Tahan que ora ou outra eu fico a folhear. São histórias curtas, repletas de personagens marcantes que retratam o imaginário e a cultura dos povos do oriente, que alternam momentos de pura reflexão e do mais genuíno entretenimento. A meu ver a combinação perfeita de fatores que prendem a minha atenção por horas, desde a minha curiosidade crescente sobre a cultura oriental, até o meu constante estado de indagação e reflexão da vida.

Em certos momentos a reflexão ou a tal moral da história é descrita pelo próprio escritor ou fica em obviedade pelo decorrer da história, no entanto entre estas tantas histórias, me detive em um conto de outras tantas vezes lido, deliberando comigo mesma a respeito do ego humano. Como muitas vezes despretensiosamente no nosso falar, principalmente, deixamos transparecer a imagem de que somos detentores de um conhecimento superior aos demais, como sábios ou especialistas. Como nosso ego se inflama com os olhares admirados diante da nossa eloquência.

Com um mundo em constante processo de globalização fica para trás quem não sabe qualquer coisa sobre alguma coisa. “Não sei”, não é mais uma expresso aceitável (salvo crianças e olhe lá!). Por isso procure saber sobre tudo ou então utilize recursos como: permanecer em silêncio e fazer “cara” de quem sabe e em determinados momentos balançar a cabeça positivamente como se concordasse com o que está sendo dito, ou então, mudar de assunto repentinamente sutilmente, onde você o domina e fica confortável em monologar a vontade. Quem nunca?!

No conto referido denominado “O sábio da Efelogia” o misterioso Vladimir kolievich em sua imagem solene e calada assombrava os seus ouvintes derramando uma erudição espantosa quando resolve elucidar a jovem Sônia Baliakine a cerca do Rio Falgu, e com simplicidade e clareza continua a contar curiosidades a cerca das “filazenes”, Fuillet, Flaubert ...aparentando homem de tão grande cultura, até admitir que só sabia muito bem sobre coisas que começam com a letra “F”, sua erudição que causara tanto assombro , não ia além dos vários capítulos decorados da letra “F” de uma velha enciclopédia. Ciência que ele mesmo denominara “Efelogia”. Tipo esse, semelhante a muitos outros que encontramos a cada passo na vida, verdadeiros sábios da Efelogia.

O que me leva a pensar que na verdade o que se passa hoje é que muito pouco sabemos de tudo, e muito mais sobre qualquer coisa que nos torne especialistas. É muito mais fácil concordar com o que de fato não sabemos e dominar o assunto que nos torna superior a qualquer um que saiba menos sobre a mesma coisa.

Observo assim pontos distintos da questão, a garantia da atenção é o conhecimento e não vejo nada demais em saber mais sobre o que realmente te interessa mas daí esperar ser bajulado ou ser o foco da atenção é o que eu não entendo. Não falo isso como se estivesse isenta desse desejo quase que inevitável de experimentar essa sensação excitante de admiração, mas definitivamente não agüento quando tudo isso se torna uma competição. Sendo assim fica a necessidade de se perguntar, pra que tudo isso???



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Reflexões sobre o [verdadeiro] amor

Depois de tanto tempo, eis me aqui ... sem chorumelas, vamos ao que interessa.

Esses dias, poderia dizer até, que nesses últimos tempos, tenho me sentido perdida na profundeza dos meus pensamentos, sobretudo ao que diz respeito a minha fé.

Veio na minha mente hoje um texto que retirei do filme Zuzu Angel, e que reafirma todo esse momento de introspecção que tenho vivido:

"Você me pergunta se acredito em Deus?
Eu te pergunto, Que Deus?
Tem sido minha missão mostrar Deus no homem,
Pois somente no homem Ele pode existir. 
Não há homem pobre ou insignificante que pareça ser que não tenha uma missão. 
Todo homem por si só influencia a natureza do futuro.
Através de nossas vidas nós criamos ações que resultam na multiplicação de reações.
Esse poder que todos nós possuímos, esse poder de mudar o curso da história, é o poder de Deus.
Confrontado com essa responsabilidade divina, eu me curvo diante do Deus dentro de mim.”

Essas palavras foram enviadas em uma carta para Zuzu Angel pelo seu filho Stuart Edgar Angel Jones enquanto no exílio, e depois brutalmente assassinado no período da ditadura militar. Por muitos, ateu, mas eu poderia dizer, baseado nessas palavras, que ele acreditava em Deus. Eu não estou falando de religião, tô falando de amor. “Deus preferiu essa carne do que os templos que podemos construir com nossas mãos” e Stuart entendia muito bem isso e ainda que nós humanos vejamos o outro sempre como pobres e insignificantes, não há quem não tenha a sua missão e o poder de transformar a história.

Eu quero mostrar “O Deus dentro do homem”, com o amor, com a paciência, com alegria, com a benignidade, mansidão, bondade, temperança, compaixão e principalmente a fé. Creio que as ações de amor, multiplicam-se em reações de amor. Fica claro quando Deus nos deixa o principal mandamento: “Amar uns aos outros como ele nos amou e todos saberão que somos seus discípulos” prova maior não há de que esse é o “poder de mudar o curso da história”, essa história na qual caminha a humanidade, se perdendo em meios as lutas e guerras, dor e violência, incredulidade e desconfiança, tristeza e maldade. Minha missão é amar, e eu me curvo diante do Deus amoroso que habita em mim, que a compaixão de Deus em meu coração abra os meus olhos para o valor singular de cada pessoa. A verdade da fé tem pouco valor quando não é também a vida do coração. Que eu então trate com amor as pessoas todos os dias, independente da “posição” delas.

O poder de Deus é maior do que podemos imaginar e Ele escolheu a nós para que esse poder fosse manifesto, permita que o poder de Deus se manifeste por você, seja instrumento Dele, assuma a sua missão e mude o curso da história.

Acredite no amor!